
Numa tarde quente de Verão, sentada no alpêndre de minha casa e com um livro à minha frente iniciei mais uma das minhas aventuras literárias.
Comecei a minha tarde literária por ler o título do livro, que tinha encontrado num baú do sotão de casa, "O Rapaz do Pijama às Riscas" - John Boyne - a capa era de verás interessante, tinha duas crianças sentadas cada uma de um lado de uma vedação, como se existissem duas realidades diferentes... de repente fez-me um clik, um clik que me fez regressar ao passado da II Grande Guerra Mundial, aqueles campos de concentração cercados por arrame e onde colocavam as pessoas em barracões.
Será que o livro retratava essa realidade vista pelos olhos de duas crianças?
Logo na 1.ºpágina percebi que tinha razão o livro contava a história de duas crianças com 9 anos que viveram no tempo da II Grande Guerra Mundial, era um retrato inocente de alguns anos vividos por Bruno em Acho-Vil, onde se localizava o campo de concentração que se situava ao fundo do terreno da sua casa separado por uma vedação onde viviam pessoas do sexo masculino, vestidas com pijamas às ricas e com o cabelo rapado.
"Ao ver-se ao espelho, Bruno não conseguiu deixar de pensar que agora estava muito parecido com Shmuel e pôs-se a matutar se era por isso que todos as pessoas do outro lado da vedação tiham a cabeça rapada, porque também todas elas tinham apanhado piolhos."
Bruno ao fazer uma das suas explorações à volta do terreno encontrou Shmuel, que era o rapaz que vivia no outro lado da vedação, criando-se laços de amizade fortes,"(...) agora és tu o meu melhor amigo, Shamuel - disse ele. - O meu melhor amigo para toda a vida.", estas duas crianças falavam das suas realidades tão diferentes e explicadas com tanta inocência própria da idade.
"Bruno abrandou quando viu o ponto que se tinha transformado numa pinta que se tinha transformado numa mancha e que se tinha transformado num rapaz."
Contudo a maior curiosidade de Bruno era explorar a realidade do seu amigo, a realidade que ele não percebia, assim vestiu um pijama às riscas e passou para o outro lado para ajudar Shmuel a procurar o seu pai, mas quando começou a chover os dois amigos foram empurrados pela multidão que marchava à frente dos soldados para uma casa quente, onde as duas crianças agarradas uma à outra ficaram ali, adormeceram pois a chuva tardava a parar.
"Bruno arqueou uma sobrancelha, intigrado, incapaz de perceber o sentido de tudo aquilo, mas imaginou que fosse para proteger as pessoas da chuva, para não ficarem doentes. Depois, a sala ficou escura e, apesar da confusão que se seguiu, Bruno apercebeu-se de que ainda estava a apertar na sua a mão de Shmuel e que nada neste mundo conseguiria convencê-lo a largá-la."
Sei que são perspectivas diferentes de ver a mesma realidade, mas muito marcantes:
- Anne Frank sempre teve a consciência do que se passava no país onde vivia.
- No filme "A Vida é Bela" o pai faz de tudo para salvar o filho das "garras" dos soldados nazis, o filho pensa que a vida no campo de concentração é um jogo e quem ganhar o prémio é uma volta num tanque de guerra.
Estas duas crianças que só queriam brincar uma com a outra, foram apanhadas na teia do holocausto e como refere a capa do livro é uma história de inocência num mundo de ignorância.
Recomendo a leitura do livro, porque é uma história bonita, pura, inocente e de amizade misturada com os terríveis crueldades que se faziam nos campos de concentração,para os leitores é uma tomada de consciência com o que aconteceu no passado no velho continente e para que não se volte a repetir este flagelo.
Deixo no ar uma pergunta:
Será que o mundo tinha a necessidade de passar por este genocídio?